Burnout é reconhecido como doença Saiba o que diz a OMS e como isso afeta você

Burnout é reconhecido como doença? Saiba o que diz a OMS e como isso afeta você

Ainda existe dúvida? Burnout é sim um problema real — e oficialmente reconhecido

Entenda o que significa o reconhecimento do burnout pela Organização Mundial da Saúde, quais os impactos disso no mercado de trabalho e por que esse avanço é importante para a saúde mental.

Durante muito tempo, a sensação de esgotamento no trabalho era tratada como “frescura”, “falta de resiliência” ou até “mimimi”. Felizmente, isso está mudando. E não é uma mudança de opinião — é uma mudança oficial, respaldada pela ciência e pelas organizações de saúde.

Sim: o burnout é reconhecido internacionalmente como um fenômeno ocupacional que compromete seriamente a saúde física e mental dos trabalhadores. E isso tem implicações diretas na forma como empresas, profissionais e sistemas de saúde devem lidar com o problema.

Neste artigo, vamos explicar quando e como o burnout foi reconhecido pela OMS, o que isso significa na prática e como esse reconhecimento pode te ajudar a buscar ajuda e direitos.


O que é burnout?

Burnout é uma síndrome de esgotamento físico e emocional provocada por estresse crônico no trabalho. Ela costuma surgir quando a pessoa é exposta, por longos períodos, a condições laborais desgastantes, sem descanso, sem suporte e sem sentido no que faz.

Entre os sintomas mais comuns, estão:

  • Exaustão constante (mesmo após descanso)

  • Irritabilidade e distanciamento afetivo

  • Queda de desempenho e autoestima

  • Problemas de sono

  • Dores musculares e sintomas físicos

  • Sensação de impotência ou desespero

Essa condição afeta não apenas o desempenho profissional, mas também os relacionamentos, o bem-estar geral e a saúde física.


Quando o burnout foi reconhecido como doença?

Em maio de 2019, durante a Assembleia Mundial da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu oficialmente o burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) — um documento usado em todo o mundo para orientar diagnósticos médicos e decisões de políticas públicas.

Mas vale um detalhe importante: a OMS não classificou o burnout como uma “doença mental” em si, mas como um fenômeno ocupacional, ou seja, uma condição relacionada exclusivamente ao contexto do trabalho.

A nova classificação passou a valer oficialmente em janeiro de 2022.


O que diz a OMS sobre o burnout?

Segundo a definição oficial da OMS no CID-11:

“Burnout é uma síndrome resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Caracteriza-se por três dimensões:

  • sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;

  • aumento do distanciamento mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho;

  • sensação de ineficácia e falta de realização no trabalho.”**

A OMS também ressalta que o burnout se refere especificamente ao contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.


O burnout é considerado uma doença no Brasil?

Sim. No Brasil, a classificação do burnout como um problema de saúde ocupacional também está alinhada com a OMS.

O Ministério da Saúde adotou a CID-11 em 2022, incluindo a síndrome de burnout como uma condição que pode justificar:

  • Afastamento do trabalho por motivo de saúde

  • Recebimento de auxílio-doença

  • Tratamento psicológico e psiquiátrico via plano de saúde ou SUS

  • Solicitação de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), quando o caso for agravado pelo ambiente laboral

Isso significa que o burnout deixou de ser um “achismo” e passou a ter validade legal e médica como uma condição que precisa de atenção, cuidado e estrutura para tratamento.


O que muda com esse reconhecimento?

A validação do burnout como uma condição ocupacional traz consequências importantes para profissionais e empresas:

Para o trabalhador:

  • Pode buscar atendimento médico e psicológico com respaldo clínico

  • Pode ser afastado pelo INSS com laudo médico

  • Pode solicitar CAT, caso o burnout seja agravado por negligência da empresa

  • Pode ter apoio jurídico e trabalhista em casos de assédio ou más condições

Para as empresas:

  • Devem implementar programas de prevenção à saúde mental

  • Devem revisar metas abusivas, jornadas exaustivas e culturas tóxicas

  • Podem ser responsabilizadas por omissão em casos de burnout comprovado

  • Precisam investir em políticas de bem-estar psicológico e suporte emocional


Como saber se estou com burnout ou apenas cansado?

É uma dúvida comum — e compreensível. Afinal, quem nunca se sentiu sobrecarregado no trabalho? Mas o burnout vai além do cansaço comum. Ele é um colapso físico e emocional, que não melhora com uma boa noite de sono ou um fim de semana de descanso.

Se você sente que:

  • Acorda exausto todos os dias

  • Não encontra mais prazer ou motivação no que faz

  • Está mais reativo, ansioso ou desmotivado

  • Vê sua produtividade despencar

  • Vive com dor no corpo, gastrite, insônia ou palpitações

… então é hora de buscar ajuda especializada. Psicólogos e psiquiatras estão aptos a identificar, diagnosticar e tratar casos de burnout.


E o estigma? Ainda tem gente que não leva o burnout a sério?

Infelizmente, sim. Apesar do reconhecimento oficial, muitas empresas ainda enxergam o burnout como “frescura” ou “fraqueza”.

Mas a verdade é: quanto mais ignoramos, mais caro fica.
Burnout gera afastamentos, processos judiciais, alta rotatividade e, claro, sofrimento humano — que não pode ser medido em produtividade.

Falar sobre burnout é também um ato de coragem. E buscar ajuda, um passo fundamental para resgatar sua saúde mental.


Burnout tem cura?

Sim. E a boa notícia é que o tratamento é eficaz quando iniciado precocemente.

Ele envolve:

  • Psicoterapia, para identificar causas e reconstruir limites emocionais

  • Afastamento temporário, se necessário, para recuperação

  • Apoio psiquiátrico, quando há depressão ou ansiedade associadas

  • Mudanças estruturais, tanto na rotina pessoal quanto no ambiente de trabalho

  • Acolhimento social e familiar, para reconstruir vínculos positivos

Não existe “pílula mágica” para o burnout. Mas existe tratamento. Existe apoio. Existe saída.


Recapitulando: burnout é ou não é doença?

  • Sim, burnout é reconhecido pela OMS como fenômeno ocupacional desde 2019, com validade oficial desde 2022

  • Ele está incluído na CID-11, adotada no Brasil

  • Pode gerar afastamento, laudos médicos, suporte jurídico e psicológico

  • O reconhecimento reforça a seriedade do tema e obriga empresas a repensarem suas práticas


Conclusão: reconhecer o burnout é proteger vidas

Mais do que um diagnóstico, o reconhecimento do burnout pela OMS é um marco na luta pela saúde mental no trabalho.

Ele mostra que:

  • Estar sobrecarregado não é normal

  • Adoecer por causa do trabalho não é aceitável

  • Buscar ajuda não é sinal de fraqueza — é ato de coragem

Se você está sentindo que seu corpo está pedindo socorro, ou conhece alguém que está esgotado, não espere piorar. Procure um psicólogo, converse com seu médico e se permita colocar sua saúde em primeiro lugar.

Você não está sozinho. E não precisa se acostumar com o sofrimento para se sentir “útil”.