Saude mental na Firma - politica antiassedio

Zero Tolerância: Política Antissédio – Como Construir e Comunicar de Forma Efetiva

O assédio, em suas diversas formas (moral, sexual ou virtual), é um câncer silencioso que destrói a cultura organizacional, a produtividade e, o mais importante, a saúde mental dos colaboradores. Ter uma Política Antissédio bem definida não é apenas uma obrigação legal em muitos países e um item básico de compliance; é um pilar fundamental para construir um ambiente de segurança psicológica, combatendo o medo e o estresse que levam ao burnout.

Uma política só é eficaz se for mais do que um documento arquivado. Ela precisa ser viva, compreendida e aplicada por todos, do estagiário ao CEO. Aqui está um guia prático para construir e comunicar sua política de forma que ela realmente proteja sua equipe.


 

1. Construção da Política: O Que Não Pode Faltar

A política deve ser abrangente, clara e objetiva. Ela precisa responder a todas as dúvidas sobre o que é aceitável e o que não é.

  • Definições Claras e Abrangentes: Vá além do óbvio. Defina claramente o que é:
    • Assédio Moral: Comportamentos repetitivos e prolongados que expõem o colaborador a situações humilhantes e constrangedoras (ex: críticas públicas, exclusão, sobrecarga intencional).
    • Assédio Sexual: Condutas de natureza sexual, verbais ou físicas, indesejadas.
    • Assédio Virtual (Cyberbullying): Usar canais digitais da empresa (e-mail, chats) para ofender ou intimidar.
  • Princípio da Não Retaliação: Este é um ponto crucial. A política deve garantir explicitamente que nenhum colaborador que reportar um incidente de boa-fé sofrerá retaliação ou punição, e que a empresa atuará firmemente contra qualquer tentativa de vingança.
  • Obrigatoriedade de Ação: A política deve estabelecer que a empresa tem a obrigação de investigar todos os relatos, garantindo imparcialidade e sigilo.

 

2. Comunicação: Transformando o Documento em Cultura

Uma política só funciona se for internalizada. A comunicação não pode ser um evento único; deve ser contínua e acessível.

  • Linguagem Simples e Humana: Evite o juridiquês. A política deve ser escrita em linguagem clara para que todos, em todos os níveis hierárquicos, compreendam as regras e as consequências.
  • Treinamento Contínuo e Obrigatório: O treinamento deve ser obrigatório, anual, e diferenciado por função.
    • Para Liderança: Foco na prevenção e na responsabilidade de agir. Líderes precisam entender que ignorar um relato é uma falha grave.
    • Para Colaboradores: Foco na identificação dos sinais e no protocolo para reportar.
  • Canais de Acesso e Lembrança Visível:
    • Mantenha a política acessível (intranet, manuais digitais).
    • Use posters ou comunicados internos para lembrar a equipe periodicamente dos canais de denúncia e do compromisso da empresa com a ética.

 

3. Canais de Denúncia: Garantindo Confiança e Sigilo

A eficácia da política depende da confiança que os colaboradores têm nos canais de denúncia.

  • Múltiplos Canais: Ofereça mais de uma opção para o relato, garantindo que o colaborador possa escolher a que o deixa mais confortável:
    • Canal Direto: RH, Líder Direto (se não for o assediador), ou Comitê de Ética.
    • Canal Externo e Anônimo: Uma ouvidoria externa ou um hotline gerenciado por terceiros garante total sigilo e elimina o medo de retaliação.
  • Protocolo de Investigação Detalhado: A política deve detalhar o passo a passo da investigação: quem conduz, o tempo máximo de resposta, e como o denunciante será mantido informado, respeitando o sigilo de todas as partes.

 

4. Ação e Consequências: A Credibilidade da Política

Se a política não for aplicada de forma justa e rápida, ela perde todo o seu valor.

  • Consequências Claras: A política deve especificar as possíveis sanções, que podem variar de advertência e suspensão até o desligamento por justa causa.
  • Agilidade e Imparcialidade: A investigação precisa ser conduzida com agilidade e total imparcialidade, priorizando a proteção das vítimas. A justiça percebida é o que mantém a confiança de toda a equipe.

Uma política antissédio bem construída e efetivamente comunicada não só protege a empresa de riscos legais, mas age como uma barreira protetora para a saúde mental dos colaboradores. É o alicerce onde a cultura de respeito e segurança pode prosperar.