A geração do futuro está esgotada
Eles cresceram ouvindo que eram o futuro do mercado.
Inovadores, adaptáveis, digitais, multitarefa.
E hoje, muitos desses jovens estão esgotados.
Um estudo da LHH do Grupo Adecco revelou um dado alarmante: 45% dos líderes da Geração Z afirmam ter tido sua saúde mental prejudicada pelo trabalho remoto ou híbrido. A nova geração, que chegou com garra ao mercado, já sente o peso do burnout nas costas.
A pandemia transformou a forma de trabalhar — e revelou uma crise profunda, que muitos ainda tentam varrer para debaixo do tapete: o colapso da saúde mental nas novas formas de trabalho.
O que você vai aprender neste artigo:
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Por que o home office e o trabalho híbrido estão relacionados ao burnout
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Como o burnout afeta a geração Z e jovens líderes
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Quais os impactos físicos e emocionais do esgotamento
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O que empresas e gestores precisam fazer com urgência
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Como cada profissional pode se proteger — antes que o corpo desligue
O home office virou um gatilho de burnout?
Sim — especialmente para quem já estava sobrecarregado.
O home office, ao contrário do que muitos imaginavam, não trouxe alívio. Para muitos profissionais, especialmente os mais jovens, ele trouxe:
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Mais horas de trabalho
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Falta de separação entre vida pessoal e profissional
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Pressão por estar sempre online
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Menos pausas e mais cobrança silenciosa
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Isolamento social disfarçado de autonomia
Segundo o estudo, 63% dos entrevistados trabalham 40 horas ou mais por semana, mesmo em casa. E 43% disseram que precisam trabalhar além do horário para dar conta de tudo.
Estamos trabalhando mais — mas vivendo menos.
Por que os jovens estão sofrendo tanto?
A Geração Z cresceu sob a promessa da liberdade, do trabalho flexível, da carreira com propósito.
Mas encontrou um mercado instável, hipercompetitivo e emocionalmente exigente.
Esses jovens líderes estão:
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Liderando equipes antes mesmo de amadurecerem emocionalmente
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Cuidando de metas, entregas, crises e… de si mesmos, sozinhos
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Tentando provar seu valor o tempo todo, com medo de parecerem fracos
E tudo isso de dentro do próprio quarto.
Quando a vida profissional invade o espaço onde antes se descansava, é o corpo que levanta a bandeira branca.
O burnout afeta mais a geração Z?
Sim — e os dados mostram isso claramente.
Veja o impacto do trabalho remoto ou híbrido no aumento de burnout por geração:
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Geração Z (1995–2010): 45%
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Geração Y / Millennials (1983–1999): 42%
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Geração X (1961–1982): 35%
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Baby Boomers (1945–1960): 27%
O motivo? A Geração Z enfrenta múltiplas pressões:
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Insegurança no emprego
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Necessidade de provar competência o tempo todo
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Ausência de mentoria e escuta real
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Falta de preparo emocional para liderar em ambientes remotos
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Confusão entre “disponível 24h” e “produtivo”
Esses jovens estão liderando em silêncio — e adoecendo em silêncio.
Quais os sintomas de burnout nesses profissionais?
Burnout não começa de repente. Ele se acumula em silêncio, aos poucos. Os sintomas mais comuns relatados são:
Físicos
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Insônia ou sono fragmentado
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Dores pelo corpo
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Queda de cabelo
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Cansaço que não melhora com descanso
Emocionais
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Ansiedade constante
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Irritabilidade e impaciência
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Sensação de vazio
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Choro fácil
Cognitivos
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Dificuldade de concentração
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Memória ruim
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Desorganização mental
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Sensação de “mente travada”
Comportamentais
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Isolamento
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Redução de produtividade
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Falta de motivação
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Desistência de projetos ou carreiras
O que está por trás do burnout no home office?
Trabalhar de casa parece confortável — mas pode ser emocionalmente desgastante. Veja por quê:
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Falta de limites: trabalho e vida pessoal viraram uma coisa só.
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Hiperconexão: as notificações não param. O cérebro também não.
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Invisibilidade emocional: no presencial, um “tudo bem?” genuíno faz diferença. No remoto, muita gente sofre em silêncio.
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Ausência de pausas reais: no escritório, você levanta, vai tomar café, conversa. Em casa, mal se levanta da cadeira.
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Pressão por performance: muitos sentem que precisam provar mais valor trabalhando à distância.
O burnout virou um problema de liderança?
Sim. E de cultura organizacional.
Os líderes estão esgotados — e isso afeta toda a equipe.
Segundo o estudo, líderes da Geração Z são os mais afetados pelo burnout.
Muitos deles:
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Nunca tiveram preparo emocional para liderar
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Carregam o peso de resultados, metas e pessoas
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Sentem culpa por não conseguir dar conta de tudo
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Não se sentem autorizados a pedir ajuda
Essa geração aprendeu a resolver problemas com tecnologia. Mas o burnout não se resolve com um app ou uma planilha.
O que as empresas precisam fazer com urgência?
1. Reconhecer que o burnout é real — e é coletivo
Não adianta campanhas de setembro amarelo se a cultura segue adoecendo.
2. Treinar líderes para lidar com saúde mental
Quem lidera precisa ter suporte. Empatia não se improvisa.
3. Criar políticas reais de saúde mental
Acolhimento psicológico, pausas programadas, metas humanas, horários respeitados.
4. Reavaliar a forma como se mede performance
Trabalhar muito ≠ trabalhar bem. O esgotamento não é virtude.
5. Abrir espaço para conversas difíceis
Falar sobre saúde mental precisa deixar de ser tabu.
E o que cada profissional pode fazer?
🌱 Estabelecer limites
Hora de parar é hora de parar. Respeite seus sinais.
🧘♀️ Criar pausas intencionais
Cinco minutos de respiração consciente podem mudar seu dia.
💬 Buscar ajuda
Você não precisa enfrentar isso sozinho. Psicoterapia é ferramenta de autonomia — não de fraqueza.
💡 Reconhecer o esgotamento antes da queda
Se você está se sentindo “no automático”, isso já é um sinal. Escute antes que o corpo grite.
Recapitulando: o home office está adoecendo os jovens?
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Sim, especialmente a geração Z em cargos de liderança
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O home office trouxe mais carga, menos limites e mais solidão
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O burnout se manifesta em sintomas físicos, emocionais e mentais
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As empresas precisam assumir responsabilidade por esse cenário
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Cada profissional também pode (e deve) se cuidar antes do colapso
Conclusão: a geração mais conectada está se desconectando de si
Essa é a geração que aprendeu a trabalhar em rede, a inovar, a adaptar.
Mas também é a geração que cresceu pressionada, cobrada, acelerada.
Agora, ela precisa aprender a parar.
Se a liderança do futuro estiver adoecida, que futuro estamos construindo?
Não se trata de voltar ao escritório.
Se trata de voltar para si mesmo.
De recuperar o que o burnout levou: energia, presença, sentido.
A nova liderança que o mundo precisa não é a que aguenta tudo.
É a que sabe parar — e permite aos outros fazerem o mesmo.