O que é o burnout na psicologia quando o trabalho adoece a mente e o corpo

O que é o burnout na psicologia: quando o trabalho adoece a mente e o corpo

Você está exausto ou esgotado? Entenda a diferença que muda tudo

Síndrome de burnout é um esgotamento emocional profundo, reconhecido como transtorno ocupacional e amplamente estudado na psicologia. Entenda seus sinais, causas, impactos e caminhos de tratamento.

Vivemos tempos de sobrecarga. Trabalho híbrido, metas agressivas, notificações sem fim. E, em meio a isso, uma pergunta começa a rondar a mente de muitos profissionais:
“Será que estou só cansado… ou é burnout?”

Na psicologia, essa diferença não é só uma questão de grau. Burnout é um estado clínico de exaustão emocional, mental e física, que vai muito além de um dia difícil ou uma semana puxada.

Neste artigo, vamos entender o que é burnout sob a perspectiva da psicologia, por que ele afeta tantas pessoas atualmente e como buscar ajuda de forma eficaz.


O que é burnout segundo a psicologia?

O burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico resultante de um estresse crônico e mal gerenciado no ambiente de trabalho.

Na psicologia, ele é classificado como um transtorno relacionado ao trabalho, mas com consequências que se espalham para todas as áreas da vida. Sua origem está nas relações profissionais, mas seus sintomas afetam o corpo, as emoções e os comportamentos.

Foi descrito pela primeira vez nos anos 1970 por Herbert Freudenberger, psicólogo clínico que notou esse padrão de esgotamento em profissionais da saúde. Desde então, o conceito foi ampliado, especialmente com os estudos da psicóloga Christina Maslach, criadora do principal inventário usado para diagnóstico da síndrome.


Sintomas do burnout: como o corpo e a mente gritam por socorro

Na prática clínica, o burnout costuma apresentar uma tríade de sintomas, segundo Maslach:

  1. Exaustão emocional – Sensação de esgotamento, como se o tanque estivesse sempre vazio

  2. Despersonalização – Distanciamento afetivo e cinismo com o trabalho e colegas

  3. Baixa realização pessoal – Sensação de incompetência, fracasso e desmotivação

Além disso, outros sintomas comuns incluem:

  • Insônia ou sono não reparador

  • Dores musculares constantes

  • Dificuldade de concentração

  • Irritabilidade e impaciência

  • Isolamento social

  • Queda de produtividade

  • Problemas gastrointestinais ou cardíacos

É importante destacar: o burnout não é preguiça, falta de vontade ou drama. É um colapso do sistema emocional e neurofisiológico diante de uma pressão prolongada.


Burnout é reconhecido como doença?

Sim. Desde 2019, o burnout está listado na Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11), que entrou em vigor em 2022.

Ele aparece como um “fenômeno ocupacional”, associado exclusivamente ao contexto do trabalho — especialmente quando há desequilíbrio entre demandas, recursos, reconhecimento e autonomia.

Isso reforça a importância de não tratar o burnout como um problema individual, mas sim como um sintoma de uma cultura organizacional adoecida.


Causas do burnout: por que o trabalho pode nos adoecer?

O burnout não acontece da noite para o dia. Ele é o resultado de um processo crônico de desgaste, alimentado por fatores emocionais, sociais e organizacionais. Entre os gatilhos mais comuns:

  • Carga excessiva de trabalho

  • Metas irreais e pressão constante

  • Falta de autonomia para tomar decisões

  • Clima organizacional tóxico

  • Assédio moral ou microagressões

  • Falta de reconhecimento ou recompensa

  • Conflito de valores pessoais e da empresa

Na psicologia, compreendemos que o burnout não surge apenas por trabalhar muito, mas por trabalhar muito sob tensão, sem suporte, sem sentido e sem limite.


Quem tem mais risco de desenvolver burnout?

Qualquer pessoa pode desenvolver burnout, mas alguns grupos estão mais vulneráveis:

  • Profissionais da saúde, educação, atendimento e áreas de cuidado

  • Lideranças médias, que sofrem pressão de cima e cobram embaixo

  • Mulheres, que acumulam múltiplas jornadas e enfrentam mais cobranças emocionais

  • Jovens da Geração Z, especialmente em cargos de liderança precoce

  • Pessoas altamente perfeccionistas, autocríticas e com dificuldade de delegar

A psicologia alerta: quanto mais desequilíbrio entre o que você oferece (energia, tempo, dedicação) e o que você recebe (apoio, reconhecimento, senso de propósito), maior o risco de esgotamento.


Como é feito o diagnóstico do burnout?

O diagnóstico do burnout deve ser feito por um profissional de saúde mental, como um psicólogo clínico ou psiquiatra.

Ele se baseia em uma avaliação clínica cuidadosa, levando em conta:

  • Histórico profissional e pessoal

  • Nível de estresse atual

  • Presença e intensidade dos sintomas

  • Exclusão de outros transtornos (como depressão ou ansiedade)

Instrumentos como o Maslach Burnout Inventory (MBI) e escalas de estresse ocupacional também podem ser usados como apoio, mas não substituem a análise clínica.


Qual é o tratamento psicológico para o burnout?

O burnout exige uma abordagem integrativa e personalizada. O tratamento costuma envolver:

  • Psicoterapia – Para reconstruir os limites, resgatar o senso de identidade, desenvolver estratégias de enfrentamento emocional

  • Mudanças organizacionais – Em casos mais graves, pode ser necessário afastamento do trabalho, mudança de setor ou reavaliação da carreira

  • Medicação psiquiátrica, quando houver comorbidades como depressão ou ansiedade severas

  • Adoção de práticas de autocuidado e higiene mental

A psicologia não trata o burnout apenas como “algo a ser curado”, mas como um chamado à mudança profunda: na forma como você trabalha, se relaciona e se percebe no mundo.


Burnout tem cura?

Sim, burnout tem cura — desde que reconhecido, acolhido e tratado.

No entanto, o processo de recuperação exige tempo, apoio e consciência. Não se resolve apenas com “férias”, tampouco com frases motivacionais. Muitas vezes, é preciso reavaliar rotinas, relacionamentos, valores e até a forma de enxergar a própria produtividade.

A cura do burnout passa pela autocompaixão. E, muitas vezes, por um reposicionamento profissional que respeite seus limites e prioridades.


Dicas práticas para lidar com o burnout no dia a dia

  1. Observe os sinais sutis – Cansaço extremo, irritabilidade, perda de prazer em tudo: são sinais de alerta

  2. Busque ajuda profissional – Psicólogos são treinados para identificar e tratar o burnout

  3. Negocie limites no trabalho – Aprenda a dizer “não” com firmeza e respeito

  4. Reconecte-se com o propósito – Se possível, reaproxime-se do motivo pelo qual você começou

  5. Pratique pausas reais – Não basta descansar o corpo; é preciso desligar a mente

  6. Converse com pessoas de confiança – Compartilhar ajuda a aliviar o peso


Recapitulando: o que é burnout na psicologia?

  • É um estado de esgotamento emocional, físico e mental, causado por estresse crônico no trabalho

  • Tem sintomas distintos: exaustão, despersonalização e baixa realização

  • É reconhecido pela OMS como fenômeno ocupacional

  • Pode atingir qualquer pessoa, mas há grupos de maior risco

  • Exige diagnóstico clínico e tratamento psicológico adequado

  • Tem cura, desde que tratado com seriedade e empatia


Conclusão: burnout não é fraqueza, é um pedido de socorro

Na psicologia, dizemos que o burnout não é sinal de fraqueza, mas de força mal distribuída. Pessoas com burnout são, em geral, altamente comprometidas — até o ponto do colapso.

Se você se identificou com os sintomas ou conhece alguém passando por isso, não minimize. Procure ajuda, acolha seu limite e respeite seus sinais.

O trabalho pode ser fonte de realização — mas nunca à custa da sua saúde mental.